O carma da rejeição

Qual é a primeira conexão que você faz ao ler a palavra “rejeição”? Provavelmente, isso te lembra aquela pessoa que te deu um pé na bunda ou aqueles “amigos” que não fizeram muita questão de te deixar à vontade em uma roda de conversa. Seja qual for a conexão que tenha feito, repare que você pensou em alguma situação atual, em uma experiência que tenha acontecido recentemente. E não existe nada de anormal nisso!

Você já ouviu aquela velha frase “brasileiro tem memória curta”? Ela é muito usada para falar de política, já que é bem comum encontrar pessoas que foram condenadas por crimes e que conseguiram se reeleger. É claro que esse não é o foco da nossa conversa, só quis trazer um exemplo de como funciona a nossa cabeça.

Pois bem, a boa notícia é que a memória curta não é uma característica só dos brasileiros. É um mecanismo de defesa do nosso cérebro! Sabemos que ele é uma máquina perfeita, certo? E essa máquina é muito boa em fazer, especificamente, uma coisa: alimentar o nosso instinto de proteção.

A explicação para isso pode ser encontrada na História. Nossos ancestrais mais antigos eram nômades e viviam expostos a inúmeros perigos, como ataques de animais ou de rivais, doenças e incerteza na busca por alimentos. Não é exagero dizer que eles sequer sabiam se estariam vivos no dia seguinte.

A consequência de uma vida tão agitada foi o desenvolvimento de um forte instinto de autoproteção, que acompanhou todos aqueles que vieram depois, já que os diferentes perigos não desapareceram, apenas se transformaram. Hoje, por exemplo, convivemos com a violência, acidentes de carro e novas doenças.

Ok, mas o que isso tudo tem a ver com a rejeição? É simples, lembra que eu falei que, provavelmente, a conexão feita à palavra rejeição envolveu um acontecimento recente? Isso acontece porque, para nos proteger, o nosso cérebro tenta “apagar” os momentos traumáticos que aconteceram no passado. Então, não é raro encontrar uma pessoa que não lembre os detalhes de um trauma de infância, por exemplo.

O problema é que, por serem traumas, não são questões tão simples de lidar. Elas costumam causar danos ocultos. A própria pessoa acredita ter superado aquela experiência ruim e não consegue perceber os reflexos que isso teve na sua vida atual. É nesse ponto que entra a rejeição.

Segundo Ronald P. Rohner, professor da Universidade de Connecticut (EUA), nenhum outro tipo de experiência demonstrou um efeito tão forte e consistente sobre a personalidade e o desenvolvimento da personalidade como a experiência da rejeição, especialmente pelos pais na infância. Nós simplesmente não sabemos como lidar com a rejeição.

Para se ter a real dimensão do problema, pesquisas demonstram que o sentimento de rejeição e a dor física ativam as mesmas partes do cérebro. No entanto, diferente da dor física, que é temporária, a dor psicológica da rejeição pode durar anos. E, obviamente, enquanto não for trabalhado, esse trauma influenciará negativamente a formação da personalidade da pessoa.

Uma criança rejeitada sente mais dificuldade em formar relações seguras e de confiança com outros. Inconscientemente, esse quadro se repete nos relacionamentos amorosos. Ciúmes excessivo, desconfiança, falta de envolvimento e até mesmo a falta de ereção são sinais comuns de que existe algo errado. O problema é que as pessoas não conseguem fazer essa conexão entre as atitudes de hoje e aquilo que aconteceu ainda na infância, fruto muitas vezes de uma decepção familiar ou do descaso dos pais.

Como consequência, esse sentimento de desprezo fica cada vez mais forte e o carma da rejeição se instala na vida daquela pessoa, até que ela perceba a origem de tudo isso e volte ao seu passado para ajustar aquilo que precisa ser ajustado. Não importa se esse processo é feito com a ajuda de um especialista ou sozinho, o importante é fazê-lo.

Portanto, se você teve que lidar com algo semelhante no passado e, hoje, percebe que existe alguma coisa que te incomoda, olhe com carinho para esse aspecto, veja se existe algum sentimento que não foi correspondido e que o fez se sentir rejeitado ou rejeitada. Resolver isso provocará uma verdadeira revolução na sua vida. Ninguém deve nutrir esses tipos de sentimentos que só nos colocam para baixo, acredite em mim.

E se você identifica algo semelhante no seu parceiro ou na sua parceira, converse sobre o assunto e seja compreensivo(a), pois não é fácil perceber que toda a sua vida foi estruturada em bases não tão firmes. Caso veja uma pessoa sofrendo, não deixe de ajudar. O seu apoio pode significar o mundo para ela.

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